quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A Saga de Samantha. Cap.05

05.

Antes de dormir, pensei no Luiz. E isso nunca tinha acontecido antes! Fiquei surpresa. Porém, o mais estranho, foi que meu pensamento foi dividido. Dividido entre Luiz e Charlei. Mas o Luiz ainda sim, dominava.
Eu olhava a foto ao lado da minha cama, em que eu e o Gui estávamos no parque. E ao passar a mão em seu rosto, pelo quadro, eu jurava que podia sentir sua essência, e a delicadeza de sua esplêndida face, que me persuadia, é estranho, mas persuadia sim.
Não fiz som algum. Alucinada, eu tentava conectar meu coração ao dele, e fazer com que ele se sentisse como eu me sentia. Foi bom e nossa! Nesse momento meu celular vibrou, e o número era não identificado. Eu estava tão distraída, que não cheguei nem a imaginar a possibilidade de ser o mesmo telefonema que eu havia recebido a tarde. E por sorte, realmente não era.
Era apenas a Vanne, dizendo que não poderia conversar comigo amanhã, porque teve uma causa de emergência na qual ela teria que conseguir um habeas corpus para um juiz, pra resolver um caso.
Eu estava tão lerda, que nem entendia o que ela estava falando. Apenas concordei com cada coisa que ela dizia, até que ela teve que desligar o celular.
Eu apaguei. E dessa vez, eu não tinha desmaiado, só dormido mesmo, e agora eu ia dormir!Não só duas horas, mas até amanhã seguinte, na hora de acordar pra ir a escola encontrar com o Luiz.
Embora não façamos a mesma série pelo fato do Luiz ter dezesseis anos, a gente sempre se encontrava no intervalo, e depois da aula, ou até antes, porque moramos bem próximos. Eu adorava sua companhia.
De repente, eu começo a contemplar o Luiz. Vejo-o com outros olhos. Será que minha retina estava debilitada a ponto de me fazer desperceber e ignorar completamente a beleza da personalidade e do caráter que o Luiz tinha?
Não entendo porque só agora, eu começo a vê-lo assim.
Mas isso não me importa. Eu sonhei essa noite. Sonhei que estava acordando, e acordando, estaria num período mais próximo de ver o Luiz. O que me deixava a mil, e fazia meu coração literalmente vibrar.
Acordei feito uma boba, sorrindo já. Eu sabia que o Luiz ia se declarar pra mim, e com certeza, eu faria o mesmo, e da melhor maneira possível. Como eu achava que ele merecia.
Levantei da cama, escovei os dentes, tirei a roupa, tomei banho, e fiz tudo o que deveria fazer até ficar pronta.
Deixei os cabelos soltos mesmo, e fui naturalmente pra escola. Quando cheguei, vi o Luiz na porta. Ele estava sensacional! Seu cabelo, perfeito, estava combinando com o brilho dos seus olhos. Naquele exato momento, o único defeito visível do Luiz Guilherme, era que ele estava conversando com a Camila, e pelo que eu soube, ela gostava dele. E o pior de tudo, é que eles estavam sorrindo. E o sorriso deles dois juntos, me fazia chorar por dentro. E mesmo não querendo acreditar, eu acabara de ter meu primeiro ataque de ciúmes.
Cheguei perto deles, com uma cara meio irônica. Gui perguntou como eu estava. Eu disse que estava melhor. Camila sorriu. Eu sorri pra ela igualmente, mas não estava sendo sincera fazendo isso.
Guilherme ia falar algo.
- Sam, eu e a Camila, falávamos de...
Bateu o sinal, e tivemos que ir pra aula.
Não prestei atenção em nada das aulas de cálculo. Nem de Português, Ciências, ou qualquer outra matéria.
Eu passei a aula de cabeça baixa, escrevendo o nome do Luiz em uma folha de caderno.
A professora Anna de Geometria percebeu a minha enorme atenção á sua aula, e chegou perto. Viu que eu escrevia algo, e me tomou o caderno. Não sei se porque ela me odiava, ou porque era má mesmo, mas ela mostrou á todos o que estava escrito. Enquanto todos riam, me retirei da sala, com a minha mochila, falei com a diretora, inventei que estava passando mal, e ganhei permissão para ir pra casa.
Parei no parque, e deitei na grama. Comecei a ler um livro, que tinham me recomendado, e não parei mais. Quando dei por mim, o livro pela metade, já eram meio dia e meia, a hora que termina a nossa aula. Continuei lendo, mas meu pensamento estava longe. Na verdade não tão longe. A escola era bem perto do parque.
Eu percebi que o Luiz não havia saído ainda, e já tinham se passado alguns minutos.
Pensei que talvez ele pudesse estar me esperando. Mas resolvi aguardá-lo um pouco mais, e enquanto isso eu ensaiava minha declaração pra ele, mesmo que palavras faltassem em minha mente, e não saíssem em minha boca.
Esperei e nada. Eu estava nervosa, como tão poucas vezes eu me sentir antes na vida. Mas sabia que era a coisa mais correta a ser feita.
Na porta de entrada da escola, encontrei com Luana. Luana era loira, olhos castanhos claros, e tinha uma aparência de metida. O que não era nenhum pouco diferente da sua personalidade, pois ela realmente era bem mais do que aparentava. Ela era popular, e era conhecida com a princesinha da escola, ao lado de Camila. Mas pra mim, elas não passavam de mais uma.
Como ela era a minha opção mais próxima, e talvez a única, perguntei a Luana, se por acaso ela não teria visto o Luiz Guilherme. Ela ficou feliz por eu ter perguntado isso pra ela, na frente das amigas dela. O Luiz na escola era desejado pelas meninas. E de acordo com a rádio da escola, o seu cabelo era o mais desejado pelos meninos, e até mesmo pelas meninas.
Quando tinham arrecadação beneficente na escola, eram montadas barracas de beijo, e não era difícil imaginar, quem ganhava maior quantidade de votos para ser o “moço” da barraca, o Luiz, mas ele nunca aceitava a proposta, embora isso ocorresse vários anos consecutivos.
Luana respondeu, dizendo que tinha visto ele com a Camila, lá perto da cantina.
- Ok. Obrigada! – eu disse.
Eu olhava para os lados da cantina, e só via casais se beijando, aquilo era horripilante, mas sempre acontecia.
Especialmente, quando os supervisores não estavam por perto, não era proibido, contando que a aula já tivesse acabado. Eu sabia que reconheceria Luiz, pela camiseta vermelha de manga comprida, que ele sempre jogava por cima do ombro na escola. E eu nunca entendi o porquê disso, parecia sem lógica, sem razão. Mas vindo do Luiz, eu esperava qualquer função que fosse para aquela camiseta vermelha em seu ombro.
De repente, atrás de uma coluna do local, vi a camiseta, e o cabelo de Luiz, e corri pra falar tudo o que eu tinha pra falar. Estava falando isso há quase dez minutos em minha mente, imaginando a reação dele. Quando cheguei perto, vi uma mão, em volta de seu pescoço. Cheguei mais perto, e vi um rosto junto ao seu, quando enfim, fiquei o mais próximo possível, vi lábios junto aos seus, e com certeza, esses lábios não eram os meus. Eu vi aquela cena, como uma cena de terror em minha mente, eu não podia imaginar, como ele deixou aquilo acontecer. Ou melhor, como eu deixei. Perdi meu melhor amigo, que poderia ter sido meu futuro namorado, por ser tão idiota, e tê-lo esnobado por tanto tempo.
Eu queria matar aquela garota. Quando notaram a minha presença, percebi que era a Camila. Ele abraçou-a pela cintura, e me apresentou ela como “namorada”.
Ela me estendeu a mão, acho que na espera de um cumprimento, mas eu apenas entortei o pescoço pro lado esquerdo, entortei a boca pro mesmo lado, e subi a sobrancelha. Um tipo de careta típica de mim, e esse seria o único cumprimento que ela receberia de mim.
- Danem-se vocês. – eu disse, e sai saltitando balançando a cabeça, como se nada tivesse acontecido, e não esperava que o Luiz me seguisse. Mas o idiota me seguiu.
- Samantha Müller, que atitude ridícula foi aquela? – ele perguntou.
- Oh, querido ex amigo, incomodou-se com ela?- fiz a careta novamente.
Eu queria provocá-lo, mas realmente, queria pedir desculpas, eu sabia que estava errada.
- Escuta aqui Sam, nada que você faça vai me fazer voltar atrás com a Camila! Eu te esperei o tempo todo, e você só sabia me ignorar, o que você esperava? Que eu te esperasse o tempo todo?
- Não. Mas... – respondi sem graça, sendo interrompida.
- Então pronto! Se existe uma única pessoa nesse mundo que me domina, e domina meus sentimentos, essa pessoa é você, e a Camila sabe disso! Mas eu preciso de emoções Samantha, e a única que eu tinha com você, era sentir teu cheiro, e ser abraçado, só. E sabe o quê mais? Você só sabe falar do Char, Char, e ah, eu já disse que você só sabe falar do Charlei? E da Ella, eu também já disse? Samantha era contigo, só contigo que eu queria estar, mas você não quis. Não aconteceu com a gente. – ele disse abaixando a cabeça.
- Tá, ok. O que ia me dizer no telefone ontem? – não me contive.
Eu percebia no seu olhar, a carência de apoio que ele necessitava, a decepção e desapontamento que ele nunca pensava encontrar, tudo isso em uma só pessoa. Em mim.
- Eu ia tentar descrever o tanto que eu te amava, se você dissesse o mesmo, eu não pediria Camila. Pedi ela em namoro, hoje pela manhã. Mas pra você ver, nem tempo você tem pra mim. Viu só Sam? – ele parecia triste.
- Engraçado. – comecei a rir com delicadeza.
- O que Samantha?
- Eu ia te dizer isso, hoje, também pela manhã, quando te vi com ela.
- Dizer o que Sam? – ele perguntou.
Eu sei que o Luiz sabia, e lá no fundo, a verdade é que ele só queria que eu repetisse pra ele e ele ouvisse isso de mim. Não sei qual o prazer que ele achava em fazer isso. Mas também, no momento eu nem queria saber. Só queria terminar logo isso. Preparei-me e disse tudo e qualquer coisa que viesse em minha mente. Qualquer coisa que o fizesse perceber, que eu me apaixonei por ele em questão de horas, e que eu não queria vê-lo sendo de outra pessoa, eu tinha vontade de chamá-lo de meu naquele momento. Mas lembrei-me que mais do que nunca, agora ele não era meu. Respondi sua pergunta.
- Luiz Guilherme, eu te amo!
- Repete vai Sam, eu não entendi. – ele riu.
- Eu penso em você antes de dormir. Como meu melhor amigo, quantas vezes você ouviu isso de mim? Que eu pensava em algum menino?
- Nem sabia que eu era teu melhor amigo mano. – ele disse surpreso. – Mas mesmo assim, nenhuma vez, você nunca pensa em alguém Sam, só em você.
- É isso! Exato! E de repente eu comecei a pensar mais em você que em mim, como nunca tinha acontecido antes!Eu preciso que acredite em mim, Luiz, eu te amo. – pausei, e repeti lentamente – Eu te amo.
- Verdadeiramente você me ama, Sam?
Eu sabia que ele não estava acreditando, ou pelo menos achava que eu estava apenas zoando com ele.
Mas o que eu sentia por ele era verdadeiro, intenso, profundo, e existente dessa vez, não é uma farsa como da última vez que fingimos estar namorando pra livrar ele da Marina da oitava série, que não largava ele em momento algum. Era engraçado lembrar disso, mas eu não conseguia sorrir.
- Eu nunca fui tão sincera. – eu falei, firmemente.
- Se eu terminar com a Camila, eu não vou me arrepender?
Eu não pedi pra ele fazer isso, e eu nem queria. Não podia magoá-lo mais do que já magoei. E sabe, pensando bem, talvez ela tivesse uma capacidade maior de fazê-lo feliz, como eu possivelmente não faria. Em todo esse tempo que a gente se conhece, eu sei que já o magoei, com atitudes, palavras, brincadeiras e até pensamentos. Eu o amava, mas preferia vê-lo feliz com alguém que ele pudesse aprender a amar, do que tê-lo ao meu lado magoando-o, fazendo com que ele aprenda a me odiar. Eu o amava o suficiente, que perderia tudo, para vê-lo feliz, como ele merece.
E tristemente eu respondi que sim, que ele iria se arrepender.
- Obrigado! Eu queria mesmo ouvir isso. – disse movimentando a cabeça . Eu não entendia o que queria dizer. – Até a próxima se houver Samantha.
Eu abaixei a cabeça, e sentei no chão, na minha posição preferida. Fetal.
Pus a mão no peito, pois parecia que meu coração estava sendo tirado de mim por garras de animais ferozes, e eles estavam famintos por um coração sofrido, que não sentia nada, a não ser o pesar de sua alma, e a dor de suas lágrimas descendo em seus olhos lentamente. E os animais, eram meu passado, me condenando por ter sido a Samantha Foxter, eu odiava o que eu era. Preferia ser antes, o que hoje, me tornei. E eu sei que aquela Samantha sem coração, dentro de mim estava morta.
Minha tristeza era o que me possuía.

A Saga de Samantha. Cap.04

04.

Bati na porta do quarto dela, e antes que ela falasse alguma coisa, qualquer coisa, eu perguntei:
- Mãe, qual foi o porquê do ato?
Ela começou a chegar pra perto de mim, e falava coisas sem sentidos, e eu parecia não entender nada. Nunca tinha ouvido coisas tão sem lógica, como as que ela falava.
- Quando você era pequena tinha esses ataques Sam. Inventava histórias pra chamar atenção de todos ao teu redor, pensei que pudesse ter voltado. – ela explicou.
Ela nunca me dissera isso, e eu não me recordava. Parecia que ela tava mentindo pra mim, mas a imagem dela passava trauma, seqüelas, sofrimento, tanto sofrimento, que me comovia. Acreditei.
Perguntei á ela como tinha feito pra saber se eu realmente tava mentindo, e ela disse que não sabia. Bem argumentativa ela, não?
Ela disse também que quando eu era pequena, com três anos, tinha consultas com psicólogo, mas como? Ela me disse que com três anos, eu morava com a tia Ellen, no EUA, eu não entendo.
- Mãe, você está mentindo pra mim? De novo? A senhora disse que eu tinha viajado pro EUA com a tia Ellen, quando eu tinha essa idade. – encostei-a na parede.
- Não, Samantha, não. Você nunca saiu do Brasil. Nunca! Essa viagem nunca aconteceu, e Ellen? Nunca tive uma irmã com esse nome, nem seu pai. – ela respondeu.
Não conseguia entender porque eu não me lembrava disso! Realmente nunca vi fotos dessa tal de tia Ellen, nem nunca ouvia o nome dela entre os membros da família, mas a minha mãe me disse isso, e eu acreditei nisso a minha vida toda.
- Mãe essa viagem aconteceu! Eu lembro dos meus amigos de lá. Lembra? O Charlei? A Ella? Eu os conheci lá.
- Não sei onde você os conheceu Samantha, mas com certeza, não foi nessa viagem. – respondeu irritada.
Eu não estava entendendo mais nada que saia da boca dela, eu não entendia sequer a história da tia Ellen.
- Olha, depois, outro dia, eu prometo te contar tudo. Hoje, precisas descansar filha.
Mas eu não acreditei, ela não soube me explicar, ela não me deu um motivo concreto. Eu ignorei a história.
Levantei do quarto, fui à sala e liguei pra Vanne.
- Alô? – perguntei.
- Oi, quem fala?
- É a Sam, eu posso falar com a Vanne?
- Sam quem? – perguntou a secretária do escritório de advocacia onde Van trabalhava
- Meu Deus! Eu posso falar com a minha irmã? – perguntei hiper irritada.
- Desculpe senhorita Sam. – ela disse.
- Tá, tá, chama logo ela. – ignorei.
Eu precisava de uma amiga, e com certeza, no momento, não teria melhor, e mais apropriada, que a minha irmã.
- Oi Sami, fala.
- Vanne, a gente pode se encontrar? Amanhã? Preciso conversar.
- Claro Sam, qualquer hora. Eu passo na tua escola amanhã, e te pego, pode ser?
Eu não estava nem um pouco afim, de ir ao parque de uniforme, mas conversar com a minha irmã, me faria esquecer isso, com toda certeza. Concordamos, e enfim desliguei.
Quando fui ao quarto, meu celular estava tocando. Uma nova mensagem. Reconheci pela campainha, que era do Luiz.
Na sms ele perguntava: Sam, você está melhor? Beijos, Luiz Guilherme.
Eu liguei pra ele, e disse que iria a escola no dia seguinte, mas que não sabia com que rosto aparecer, depois das circunstancias vivenciada por um grupo de colegas da escola, embora poucos tivessem tido contato comigo naquela noite.
- Ok, só lembre-se Sam, de que eu estou aqui. – ele disse.
- Gui, por que você me trata assim? – perguntei timidamente o Luiz Guilherme.
- Samantha, eu sempre quis dizer isso mas... – interrompi a fala dele.
- Oh Luiz, depois nos falamos. Amanhã, na escola, tudo bem?
E com um ar de decepção eu acho, por não ter terminado de falar. -ele concordou.
- Obrigada, tenho que desligar.
Desliguei e fui correndo até a minha mãe. Que foi o motivo de eu ter desligado.
- Mãe, por que me chamou?
A cozinha estava de cabeça pra baixo.
- Sam, que bagunça foi essa filha? Detonaram a minha cozinha!
Lembrei que Ella fora a única a está na cozinha naquela noite.
- Mãe, foi a Ella. Perdoe-a. E perdoe a mim por ter permitido. – falei calmamente.
Não queria que ela proibisse Ella de ir ao apartamento, e ser a minha companhia da tarde ao lado de Charlei.
- Que amiguinha bagunceira essa hein dona Samantha?
Tive que concordar. Fiz que sim com a cabeça sorrindo. E ela riu também.
- Tudo bem Sam, dê um jeito nessa bagunça, estou indo dormir. Hoje, tive uma grande entrevista.
Entrevista de emprego. E com certeza, ela havia conseguido.
- Quando eles avisarão?
- Acho que ainda hoje, atenda em meu lugar se puder. Ok?
- Ok! – nosso desentendimento tinha fechado ali.
Lembrei que o meu pânico da tarde havia sido culpa de um telefone, e desistir da idéia de ter que atender um telefonema inusitado novamente. Era melhor evitar.
Quando realmente reparei na bagunça que Ella tinha feito, meu desejo ela que ela aparecesse na minha frente! E ela ia arrumar a maldita bagunça que ela fez.
Nesse instante o Charlei apareceu na janela.
- Char idiotinha?!
- Hehe, oi Sam, quer ajuda? – ele perguntou rindo.
- Toda a ajuda do mundo! – respondi aliviada.
- Tá, só ajudo a Samantha, se ela disser que o Char não é idiota. Caso contrário, ela vai arrumar a cozinha só.
Oh, Charlei estava se tornando um tremendo chantagista, e eu zoei do fato dele pedir que eu repetisse tamanha quase verdade.
- Char, sua mãe nunca te ensinou a não mentir? – perguntei sorrindo.
- Haha, muito engraçada. Vou marcar na minha agenda um horário pra rir na próxima quarta-feira, dessa sua piadinha sem graça. – ele respondeu, e apesar do meio corte, ele estava rindo.
Paramos de rir. Pra minha mãe não perceber. A dona Susana detestaria saber que sua filha estava na cozinha á sós com um garoto da mesma idade.
- E aí Charlei? Vai me ajudar ou não?
- Me dá três motivos bem convincentes. – ele pediu.
Nunca fui boa nessa brincadeira de “dar motivos” pra tal coisa. Mas eu tentei.
- Primeiro motivo, a Ella é quase tua namorada, e vocês comem de graça na minha humilde casa, e ainda a deixam completamente desorganizada.
- Primeiro motivo aceito. – ele concordou. – Mas a Ella e eu não somos namorados. – ele completou.
Não precisava ele ter me dito isso, mas eu não disse nada a respeito. Afinal, ele poderia está querendo alguma coisa com tal fato.
- Ok, ok. Segundo motivo, eu não tive uma tarde muito boa, e estou exausta. Vale uma ajudinha de um velho amigo.
- Segundo motivo aceito. – ele disse.
- Terceiro motivo, Ah, querido Char, quem ama ajuda. E eu sei que você me ama, e não é pouco. Assim como eu te amo.
- Oh Sam, terceiro motivo, valeu por todos.
Eu percebi então que Char ficava feliz toda vez que eu dizia que o amava. Às vezes eu penso que Char sente algo a mais por mim, e não entendo o porquê, já que ao mesmo tempo, ele demonstra mais isso por Ella que por mim. E até mesmo, eu sempre achei que existia alguma coisa entre eles dois. Quando iam a minha casa estavam juntos. Quando marcávamos algo, eles chegavam juntos. Parece que eles tinham nascido colados, isso me irritava. E na maioria das vezes, até a mesma opinião eles tinham.
Char me ajudou, fez até mais que eu. E fez isso cantando. Cantando baixo, claro.
Terminamos a cozinha, Char foi embora, pelo mesmo lugar que entrou. A janela. Eu tranquei a casa. Fiz questão de fazer isso para certificar eu mesma, de que não havia possibilidades de alguém voltar a entrar nessa casa. Pelo menos naquela noite. Eu queria ter a certeza de que poderia dormir tranqüila em meu quarto.
Subi, tomei banho, vestir qualquer peça confortável de meu guarda-roupa, e deitei-me.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A saga de Samantha - Capítulo 03

03.

Ao chegar em meu quarto, disse a Char o que teria acontecido, e visto que era verdade,ele saiu, acho que em busca dela, mas tranqüilo, pois sabíamos, que no dia seguinte, Ella estaria de volta.
Após a saída de Charlei, tranquei tudo, me tranquei inclusive em meu quarto, e deitei em minha cama.
Comecei a estudar então. A estudar fórmulas de P.A, que um amigo de classe, o Luiz, me forçava a aprender, mesmo que não estivéssemos dando esse assunto.
O Luiz era um típico estudante, preocupado com o futuro. Tinha sonhos, e mais que qualquer outra pessoa, eu desejava a ele toda a sorte do mundo, e queria que todos os seus sonhos fossem bem sucedidos.
Um dia, ele veria a Samantha sabendo todas as fórmulas de P.A existentes! Eu viraria nerd por ele.
Mas, sinceramente? Eu não consegui estudar. Deitei e dormir, e sabe que eu aprendi? Nunca estude na cama, dá muito sono.
Não se passaram duas horas de sono minhas, e o telefone tocou. Maldito telefone esse que eu desejei que nunca houvesse existido, pois me forçou a levantar da cama, pra ir até a sala atender.
- Alô. – saudei a pessoa do outro lado da linha.
- Oi, Sam? – perguntaram.
- Depende quem quer saber? – falei na brincadeira, esperando ouvir a voz de um amigo, ou uma amiga.
- Samantha, falo sério! Tenha muito cuidado ao sair de casa pra qualquer lugar. A morte está próxima de você, e eu a farei aproximar-se ainda mais meu bem. Prepare-se, dessa semana, sua vida, não passa.
Antes que eu pudesse responder ou perguntar algo, o telefone foi desligado, e com certeza, a ligação não teria caído.
Fiquei martelando, com isso na cabeça, o tempo todo. Eu ia olhar pela janela, pra ver se havia alguém me vigiando, mas até disso eu tive medo. E o pior, é que eu não reconheci a voz, nem ao menos pude identificar, se era feminina ou masculina, o que fez meu medo aumentar.
Eu não conseguia pensar em ninguém. Ninguém mesmo.
De repente, a campainha tocou. Eu levei um susto imenso, cheguei a pular, e meu coração acelerou. Não tinha nem forças pra andar, minhas pernas tremiam, não era mais eu quem me movia, era meu medo, chamado Medo.
Sentei-me no sofá, no tal local onde as pessoas chamam de braço, e tentei não sufocar com imagens de relance que vinham da minha mente, que me fazia sufocar ainda mais.
As imagens que meu medo formava, eram incrivelmente programadas pra me aterrorizar, e eu não conseguia parar de vê-las, embora tentasse, quando eu fechava meus olhos, elas vinham fixamente, e cada vez mais lúcidas, e pareciam ser a minha realidade. Mas eu ainda estava apenas na sala, sentada no sofá, ainda bem, mas eu sabia que pelo visto, era só por enquanto.
Enquanto isso a campainha não parava de tocar. E eu passava a mão na cabeça desesperadamente, sufocando, sufocando, e sufocando. Até que não vi mais nada, caí aos poucos no chão, encostei-me ao sofá, e comecei a chorar em posição fetal, ia pra frente, e pra trás. Não conseguia pensar. E a maldita campainha que não parava de tocar. Eu estava em pânico, aterrorizada, só consegui chorar. Peguei o telefone, tentei discar o número do Luiz, várias vezes, meus dedos não tinham firmeza ao tocar nas teclas, e eu quase não me lembrava os números que seguiriam a seqüência, mas eu por sorte consegui. Ele atendeu, e perguntava: Sam? Sam? E eu gritava altos gritos. Gritos esses que saiam do fundo de minha alma, e não emitiam som algum. Eu gritava o mais forte possível, mas nem eu me ouvia. Em meu rosto, escorriam gotas, que eu não sabia identificar, qual eram gotas de suor frio, e quais eram minhas lágrimas. Eu só sei que elas se perdiam no mesmo rumo. No início de meu sorriso. Que no momento, de sorriso, não tinha nada.
Eu percebi, que do outro lado da linha, o Luiz Guilherme, estava desesperado, eu sabia que ele conseguia ouvir o barulho que eu fazia, eu batia o telefone no chão, eu o meu grito saia como uma coisa vazia, mas dava pra perceber que eu estava com medo. Desliguei o telefone. Comecei a ouvir gritos, e mais gritos, não sabia se eram reais, ou fictícios, só sei que eu os ouvia, e eles eram aterrorizantes. Comecei a ver manchas de sombras nas janelas, no corredor a direita, e vi um rosto manchado no espelho de repente. Dei um grito. Apaguei.
Quando acordei, vi a minha mãe ao meu lado. A imagem embaraçada. A retina parecia não ter terminado de formar a imagem, meus olhos pareciam ter vontade própria. Não queriam abrir. Gritei, e mandei que ela saísse do quarto.
- Sam, Sam, está tudo bem, é a mamãe.
- Saaaaai, sai daqui, por favor – falava chorando muito – Sai daqui mãe, agora.
Eu não sentia nada mais além do medo me dominando.
Charlei, do meu lado, disse:
- O idiota do Luiz está aí.
- Quem ta aqui? A escola inteira? É?
- Na verdade, quase. Tá o Luiz, a Karol, a Luísa, e a Vanne, Inclusive, a Vanne está muito preocupada contigo amorzinho. – respondeu Char.
Vanne, era minha irmã, parte de pai. Embora nosso pai odiasse nossa relação, eu a amava, como filha da minha mãe. Ela era a irmã perfeita, que qualquer pessoa gostaria de ter. Pedi que a mandassem entrar.
Ela estava chorando, do mesmo modo que eu estava. Passou a mão sobre minha cabeça. Parecia estar muito preocupada mesmo, tal como disse Charlei.
- Samantha, o que aconteceu? Diga-me, preciso saber.
Eu não entendia o que exatamente ela queria saber no momento, a presença dela não me satisfazia.
- Van, por favor, retire-se.
- Como? Por quê? Você pediu que eu... – ela indagava sem parar.
Eu abaixei a cabeça, e pedi que ela mandasse outra pessoa entrar. Eu precisava de alguém. Mas não sabia de quem.
Ela mandou a Luísa, que se se encostou a mim, e disse que estava do meu lado. Eu sorri pra ela e simplesmente olhei pro lado, balancei a cabeça, e pedi á ela que se retirasse de meu quarto. Eu a amava, muito, mesmo. Mas não era ela.
Mandaram a Karol, quando ela entrou, sorriu, e eu estava tão perturbada, que falei que não queria falar com ela. Não hoje. E pedi desculpas.
Antes que eu fizesse qualquer ação, o Luiz entrou no quarto. Levantei-me, e antes que ele pudesse chegar á mim, eu cheguei á ele.
Eu o abracei, e pude sentir seu cheiro, sua respiração... Seu coração num ritmo acelerado. O meu coração, e o meu eu, clamavam por ele. Pedi que ficasse comigo, pelo menos aquela noite.
- Ficarei aqui contigo, o tempo necessário, e o desnecessário querida. – respondeu Luiz.
Eu não queria saber de mais nada, só de estar em seus braços, respirando o mesmo ar que ele, e tê-lo cuidando de mim. Ele era a única pessoa de que eu precisava.
Deitei-me de novo, e o Luiz ficou em pé mesmo, ao lado da cama.
O engraçado era que ninguém percebia a presença de Char, e de Ella em meu quarto, parecia até que eles não existiam ali dentro. E de alguma maneira, eles gostavam disso.
Mas ao mesmo tempo, faziam de tudo pra chamar atenção de quem estava lá.
Luiz disse que o Gustavo também queria me ver, e saber como eu estava. Pedi urgentemente que o mandassem entrar. O Gustavo tinha apenas seis anos, era primo do Luiz, e eu adorava a relação deles.
O Gu, quando entrou, começou a fazer eca paras coisas de menina que estava em meu quarto.
Chegou à beira da cama, abraçou as pernas do Luiz, e perguntou como eu estava, e perguntou sorrindo. O que me fez sorrir também.
- Eu estou bem agora bebê. – respondi, enxugando as lágrimas.
- Então por que está chorando Sam? – ele era esperto e observador demais pra quem tinha seis anos.
- Porque eu estou feliz em te ter aqui. Só por isso.
Ele fez uma cara que eu sabia não ter acreditado no que eu disse.
Minha mãe bateu a porta, e perguntou se eu estava bem.
- Mãe, a gente pode conversar um minuto? – perguntei.
Eu tinha que saber o que havia acontecido depois que eu desmaiei.
- Claro, eu tentei fazer isso antes. – ela provocou.
Luiz, e Gustavo, retiraram-se do quarto, e em seguida, minha mãe sentou a beira da cama, junto a mim.
- Mãe, o que aconteceu? – perguntei.
- Samantha, eu que te pergunto! Por que não abriu a porta pra mim? Você tá ficando louca garota? O que deu em você? – ela me tratou friamente.
Então era ela. Mas isso não significa que ela havia ligado pra mim também.
- Mãe, me ligaram e... – não me deixou terminar de falar.
- Vou te avisando Samantha, pára com essa idiotice de se fazer de vítima, você é muito chata, pára, deixa disso. É coisa da tua cabeça, sabia?
- Mas mãe... – novamente, não pude terminar.
- Escuta aqui Sam, eu não vou mais avisar.
Tive a impressão que ela queria que a ligação virasse fato.
- Eu não estou mentindo! Tem alguém querendo me matar! Mãe acorda! Deixa de estupidez!
- Estupidez? – ela gritou.
Ela me deu um tapa. Eu senti, muito bem a sua mão, forte e pesada, sobre meu rosto. Doeu tão profundo, que eu fiquei sem ação. Ela nunca me agredira no rosto antes.
Eu fui magoada, minha auto estima foi ferida, comecei meu choro novamente. Fique a sós, só Charlei e Ella comigo, ao meu lado, em silencio profundo.
Não sabia exatamente o porquê das lágrimas, se pela ligação, ou pela decepção que tivera com a atitude insensata da minha mãe.
Levantei da cama, fui até a sala, e comecei a falar.
- Gente, eu estou bem. Só recebi uma ligação, me ameaçando de morte, só isso, e é por causa do pânico em que me encontro que vocês estão aqui, mas se for pra cada um me dá um tapa , igual fez a pessoa que eu pensei que me apoiaria, saiam todos daqui, por favor! – disse, alertando-os.
Quando terminei de falar, minha mãe abaixou a cabeça, e pareceu estar arrependida. Ignorei-a.
As pessoas começaram a sair, ainda bem. Odiava ver aquele apartamento cheio de gente.
Sentei-me no sofá, e liguei a televisão.
A minha mãe falava, falava, e eu não queria ouvir, nem fazia questão de saber o que ela tinha a dizer naquele momento. Só sei que ela tentava se redimir. De que forma ela pretendia, eu não sei. Quando vi que ela estava muito perto de mim, me afastei, levantei, e fui pro quarto cansada. O Char, e a Ella, tinham ido embora. O celular tocou, era o Luiz. Perguntou como eu estava, se precisava de algo, conversamos um bom tempo, e ele me convenceu a deixar que minha mãe me explicasse o que aconteceu.
Fui até o quarto dela, ouvir o que tinha pra falar, se ela realmente tivesse algo a dizer.
Caminhando ao quarto, lembrei-me do pedido que fiz a Luiz. De ficar aqui comigo. Já não era mais verdade, pois ele já não se encontrava presente.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A saga de Samantha - Capítulo 02

02.

Cheguei da escola, no condomínio, peguei a chave da porta de casa debaixo do extintor, nunca tive a santa disposição de tirar a cópia da chave. Ao perceber que a chave estava lá, logo me toquei de que minha mãe, ou meu padrasto, não estavam em casa, o que era muito oportuno, para uma tarde sossegada, sem ter de ir ao supermercado, padaria, ou ir comprar mingau de milho na porta do condomínio vizinho. Quando entrei no quarto me deparei com Ella na minha cama, e tomei um susto tremendo, e me perguntava com ela tinha entrado no meu quarto, na minha casa, e estaria consequentemente, na minha cama, deitada desleixadamente, em meio a minhas revistas e livros.
Detesto, odeio, abomino, quando mexem em meus livros , e por incrível que pareça, Ella sabia disso como ninguém, e ainda sim, teimava em me irritar. Tive vontade de atacá-la, e enche-la de pancadas, eu estava realmente com ódio.
- Ella, quem mandou tocarem meus livros? Hã? Eu mandei por acaso? Saco, tu sabe que eu odeio. - disse então.
Enquanto falava, tirava minhas revistas das mãos dela, e pegava as que estavam na cama.
- Desculpa Sam, pensei que não fosse se importar poxa, sou tua melhor amiga, caramba. Eu não vou te roubar. - ela respondeu minha pergunta, tristemente com ar de magoa.
- Por acaso, eu disse que tu ia roubar Ella? Eu disse isso? Disse? - retruquei sem pensar antes de dar um corte nela.
- Não Sam, mas insinuou, desculpa então. - falou enquanto ia á cozinha.
Ela realmente parecia estar magoada. Se eu a perdesse, eu estaria ferrada, é. Corri para a cozinha, pensando em me desculpar. Gritei o nome de Ella, e ela respondeu com um assovio. Quando apareci na cozinha, ela estava atacando a mousse de limão, que minha mãe deixara pra mim na geladeira, que curiosamente Ella estava devorando.
Geralmente, ela faz isso pra me irritar, e quando ela ver que eu ignoro, ela vai fazendo coisas piores até que eu perceba e brigue realmente com ela, mas nem fiz isso.Apenas sentei-me ao lado dela na mesa da cozinha, peguei uma colher, e fui tomando do mesmo mousse que estava no copo dela, e não estava nem aí, porque se ela reclamasse, ela estaria de intrusa em minha casa, haha, aqui ela não tem direitos. Nem me reconheço falando assim dela, uaau.
Quando deu por si, ela perguntou a mim se estava chateada com ela.
- Claro né? Cê ta pensando o que? São minhas distrações. o que você esperava?
Ella riu, e disse que não iria mais acontecer.
Lembrei-me então, que tinha algo a perguntar pra ela, e não hesitei.
- Ella, como foi que você entrou aqui? – fiz uma cara de “responde essa se puder.”.
Charlei então saiu do banheiro enrolado na minha toalha respondendo a pergunta, dizendo:
- Eu tirei uma cópia pra você bebê!
Aquela atitude dele, carinhosa em me chamar de bebê, que eu amava, me fez esquecer de que ele estava enrolado em minha toalha, ignorei o fato, e sorri.
- Tá certo Charzinho, vá se vestir, antes que alguém te veja assim seu inútil. – disse esperando irritá-lo. E consegui.
- Haha, Sam, bobona, eu já to indo. – disse rindo.
Ta, beleza, então, eu tinha dois invasores, com a cópia da chave do meu ap, e eles poderia invadir a hora que quiserem como faz?
Char brincou com Ella e eu, vestia meus vestidos e falava coisas como: vem a bailar comigo mi amor. Tentando fazer sotaque, enrolava a língua, e conseguia tirar risadas da gente, como só ele fazia.
Eu só não gostei quando Char pôs um boné e brincou que era um menino afim de mim, e disse:
- Oi Sam, case comigo, enquanto te quero, ou morrerás solteira.
Eu ri. Mas um riso sem graça, sem vontade, meio que sem jeito, e com certo ar de incômodo.
Quando perceberam isso, eles pararam de rir.
- Desculpa Samizinha! Foi sem querer.
Charlei parecia sem graça ao dizer isso.
Quando isso acontece, ele fica encabulado ao falar comigo novamente. Uma vez ele brincou que ninguém me amava, e foi duro ouvir essa meia verdade de alguém que eu pensava me amar. Foi quase 5 dias, só vendo o Char, e me perdendo no labirinto que eram seus olhos negros, como a noite sem luar, sem poder dar uma palavra com ele. Isso me magoava muito. Mas aí, ele disse pra mim que estava brincando, e que sentia muito pela brincadeira sem graça que havia feito. Disse também, que me amava, e me amava de verdade, e que um dia, eu descobriria que ninguém poderia me amar tanto quanto ele. Aquilo me deixa intrigada até hoje.
Eu ignorei o fato de que Charlei zombou de mim, e o abracei, só porque lembrei o fato dele ter dito que me amava.
Char me abraçou tão, tão, tão apertado, e com vontade, que eu poderia jurar que havia me perdido em seus braços. Sua respiração, porém, estava tão ofegante quanto a minha estava. Até achei que havia rolado um clima, mas era impossível, e ainda é. Só fiz isso porque Ella não estava no quarto, se ela estivesse, tenho a certeza de que teria fica muito enciumada, a ponto de parar comigo.
Lembrei-me de Ella na cozinha, larguei-me de Char, e me retirei do quarto, indo a tal direção.
Sentia-me esquisita, ainda pelo abraço em Charlei. Havia até mesmo um brilho em meus olhos. Coisa de idiota.
Ao chegar à cozinha, vi que Ella não estava lá, e a porta central da sala estava aberta. Restava dúvida na minha cabeça! Teria Ella visto algo de comprometedor no abraço entre Charlei, e eu?
Eu estava tão surpresa, que talvez não me importasse, só sei que ela poderia ter certeza, que por ele, eu nada sentia pelo menos por enquanto. Só se meu sentimento teimasse em desenvolver-se depois, o que eu penso ser quase impossível.


Continua no próximo capítulo...

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

A saga de Samantha - Capítulo 01

Abriria mão de tudo, se você fizesse o mesmo por mim. Nx Zero.



01.
Desde pequena, não sei muito bem o porquê, na verdade, eu realmente não sei o porquê de maneira alguma; tive mais amigos homens, que meninas! Eu realmente gosto disso, pelo fato de meninos serem mais verdadeiros que as meninas, e sempre tive certa “frescura” ou dificuldade para ter confiança nas pessoas.
Mas espera. Eu não estou querendo dizer que não tenho amiga. Muito pelo contrário, tenho sim. O nome da minha melhor amiga é Ella. Conheço-a, desde pequena, acho que ao certo, desde os seis anos de idade. Ella se parece um pouco comigo, fisicamente, cabelos louros escuros, seus olhos mudavam de cor de acordo com o brilho do dia, idênticos aos meus, tamanha semelhança em alguém comigo, nunca tinha visto. Embora se pareça comigo agora, Ella antes era surpreendentemente diferente, tão diferente, que se olhasse uma foto dela, diria até que não são as mesmas pessoas. Porém, sempre foi linda, e cobiçada por quem a via. Temos as duas, catorze anos. Nossa diferença de idade é de apenas um mês e alguns dias.
Desde que a conheço, Ella é apaixonada por Charlei, meu melhor amigo.
Charlei é realmente muito lindo, e extremamente encantador. Seu sorriso seduz, é radiante, e o brilho dos seus olhos, cobertos de esplendor. Ele nem parecia real.
Seus cabelos têm uma cor bem escura, são negros, assim como os seus olhos. Tão belamente escuros, a ponto de nos perdermos na profundeza de sua beleza. Oh, beleza eu, que nunca havia contemplado igual, em todos esses anos. Mas Charlei ás vezes era tão idiota, que além da sua beleza, nada mais eu via nele. Mas eu o amava, amo, tanto, tanto, tanto, que ás vezes, tenho dúvida, ao pensar quem amo mais, se é a ele, ou a mim mesma. Amo Ella e Char, igualmente, e por esse amor ser tão imenso, não consiga ver defeitos em nenhum deles dois, e eu adorava isso. Confio neles, como nunca confiei em alguém, a não ser em minha mãe. Eles três, são minha base, claro, Deus, e minha mãe acima de tudo, mas, NOSSA! Eles são minha metade. Como dizia a minha mãe, é amor pra toda a vida.
Eu falava muito, da Ella e do Char, pra minha mãe, que nunca tivera a oportunidade de conhecê-los.
Minha mãe é uma típica dona de casa. Mas ela estuda bastante. Ela é formada em enfermagem, mas no momento está desempregada, devido à uma falsa proposta que foi feita a ela. Mas ela estuda bastante como já disse, preparando-se para provas de concursos. Adoro o jeito guerreira dela de ser! Sua confiança em si mesma, e em Deus, que nunca permite com que ela se desaponte consigo mesma. Admiro-a bastante.
Meu pai? Bom, não moro com ele. A única coisa que tenho dele é o sobrenome, é. Mas eu o amo muito, mesmo que ás vezes, a duplinha, Char, e Ella, me chamem de besta por isso, já que ele não liga pra mim, em nenhum dos sentindo que a palavra ligar possa ter. Acho que sou tão idiota quanto acho que o Charzinho ( referente ao Charlei) é.
Moro com minha mãe e meu padrasto, num condomínio de apartamentos, num bairro meio privilegiado aqui em São Luís. Dei sorte grande em vir parar aqui! Fiz amigos, sim, “amigos”, mas beeem mais novos que eu. Mentira, isso foi exagero, uns, dois anos mais novos, outros apenas um, pra mim, idade não chegava nem a ser detalhe, sabe? É o de menos. A duplinha odiava todos os meus amigos, sério. Uma vez, quando eu briguei com uma menina da escola, até mandaram que eu desse um jeito de detoná-la, cheguei a pensar na possibilidade em que devesse matar ela, mas seria exagero demais de minha parte imaginar isso deles, tenho certeza, de que não seriam capazes disso. Sou exagerada, altamente exagerada.

Continua no próximo capítulo ...
" A cada novo ato que morre, nasce um novo sentimento "

Quando já não nos notam, ou deixam de fazer algo por nós, ou quando passam a fazer, sempre surge algo novo dentro de nós, independentemente do que seja,cabe a nós aceitar ou não .



Samantha Müller .

SDS - Sobre os posts :)

A saga de Samantha, é a minha história.
Baseada logicamente em fatos reais. Aqui vou postar partes do livro, por partes do capítulo.
É óbvio que não vou poder postar todo dia. Eu estudo muito né gente? Mas prometo que sempre terão A saga de Samantha, principalmente agora, que estou pensando em voltar a escrever, e publicar pelo menos até o final do ano.
O livro conta sobre meu último relacionamente, que embora tenha me feito sofrer muito, me fez amadurecer em ralação á várias outras coisas. O objetivo da criação do blog, é popularizar pelo menos entre as meninas, para que voces conheçam uma parte da história da Samantha :DD
enjoy, bjs ;*